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A recepção


O ‘rito de iniciação’ no Município do Rio foi tão complexo que é inevitável você não pensar que o próximo passo será muito bom. Afinal, se para ingressar em uma empresa as exigências são tão elevadas significa que os funcionários já inseridos ali são de altíssima qualidade e você também precisa estar no mesmo nível para ser digna de estar ali. Quando o assunto é o Município tudo isso é uma grande falácia!
Até a escolha de escola o processo teve uma organização extrema. Entretanto, já na CRE, não havia escolas suficientes para o número de professores chamados. Como assim!!! Isso mesmo! Há mais professores convocados que vagas disponíveis. Logo, a lista de escolas a serem escolhidas era para projetos como REALFA e ACELERA, PROEJA e em poucas escolas da lista a quantidade de horas/aulas acordadas no edital do concurso, ou seja, 12 horas aula + 4 tempos de estudo pedagógico. Sendo assim, com pouquíssimas opções, resolvi escolher por proximidade. Afinal, são cinco anos trabalhando muito longe de casa. O que mais queria agora, depois de quatro longos anos de espera pela chamada desse concurso, era poder ir para o trabalho a pé, poder buscar as minhas crianças na escola após o serviço e ainda arrumar tempo para malhar. Então, com base nesses princípios quase ideológicos, fiz minha escolha.
Já na Unidade Escolar fiquei quase uma hora na sala de professores esperando que a direção me encaminhasse até a turma. Isso não aconteceu. Uma colega de bom senso e com dó da minha espera resolveu me encaminhar até a sala de aula, me apresentar superficialmente aos alunos e se colocar a disposição para qualquer necessidade. E assim, fui lançada na cova dos leões. Leões muito bonitinhos, pequeninhos e aparentemente inofensivos. Até o primeiro diálogo.
Já no primeiro dia entendi o que teria pela frente. Um grupo muito difícil e condições de trabalho mais difíceis ainda. O ambiente muito sujo, feio, rabiscado, escuro, ventiladores barulhentos, acústica péssima na sala de aula, uma luta constante com os sons externos a sala de aula, carteiras, armários, cadeiras quebradas e alunos muuito indisciplinados. 
Já no segundo dia, entendi que meu papel inicial será LITERALMENTE administrar o comportamento deles. Acuados, na tentativa de dizerem que querem aproximação e cuidado, estrebucham, gritam, batem, atacam MESMO. Ensiná-los a agir como HUMANOS já será uma façanha! Transformá-los em cidadãos conscientes será um milagre.

Comentários

  1. Se com seu trabalho conseguir formar o futuro de um desses seus "bichinhos" você terá conseguido um grande resultado.
    Tenha força e tente não desistir, mais não esqueça de ter muito cuidado.
    Te desejo Sucesso e digo que DEUS é contigo.

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