O projeto tem um andamento e uma
estrutura muito particular. O material didático é fornecido pelo Instituto
Ayrton Senna, as avaliações e etapas do projeto são bem diferenciadas das
demais turmas de ensino regular.
Todavia, até o presente momento,
hoje são 14 de abril e o primeiro bimestre letivo já está chegando ao fim, esse
material ainda não chegou. Não cabe a mim dizer de quem é a responsabilidade
por isso, afinal, como todos sabem, sou recém-chegada a rede e não sei os meandros
das coisas no sistema. Mas, sou brasileira, e entendo o meandro das coisas no
meu país. Isso já conta bastante! Falta de repasses financeiros, de
congruências politico-administrativas, excesso de burocracias.... Essas são as
possíveis causas para tanta demora.
Tive um contato com o material do
Instituto Ayrton Senna deixado pela professora anterior no armário para mim.
Uma única cópia de cada um dos livros do projeto. São 3 livros. O material é
muito bom. Para alunos de 7,8 até 9 anos. Meus alunos têm, no mínimo, 13 anos.
São adolescentes fogem ao perfil do material. Alunos com deficiência diagnosticada
mais cedo encaixam-se perfeitamente ao material, mas os meus???? Será que
ninguém viu isso? Será que estou equivocada?
Enquanto isso, estou, nessa
primeira semana, enlouquecida tentando produzir material que atenda aos
diferentes públicos que tenho na mesma sala de aula. Digo isso porque não posso
trabalhar material de alfabetização para alunos já alfabetizados. Eles ficariam
entediados e mais bagunça e desordem eu teria em minha sala. A minoria pouco
alfabetizada que tenho, entretanto, não pode trabalhar com o mesmo material dos
já alfabetizados. Os livros paradidáticos precisam ser diferentes, os textos de
interpretação e até mesmo as produções de texto exigidas precisam ser
diferenciadas. São, em linhas gerais 3 níveis de alunos: 5 com baixíssimo
rendimento e REAIS problemas de alfabetização, uns 6 com deficiências leves na
leitura e na escrita, e os demais apenas bagunceiros.
Além de tentar reproduzir um perfil
de cada um, estou tentando produzir materiais, o mais específicos possíveis
para cada realidade. O termo novo para o que estou tentando fazer é
CONSUMEIRIZAÇÃO. Sabe o que é isso? Pois é! Aprendi com meu marido essa semana:
o termo é uma mistura LEXICALMENTE INCORRETA de consumo com customização. O
produto ou serviço o mais particularmente possível produzido para um público
bem específico. Então, é isso o que estou tentando fazer: conhecê-los como
INDIVÍDUOS em suas peculiaridades, conhecer suas referências familiares, pois
já comecei a chamar alguns responsáveis dos alunos mais ‘complexos’ e dá-los o material
mais adequado a suas realidades. Pergunto-me se isso tudo era tarefa minha
mesmo.
CONSUMEIRIZAÇÂO........... é
mole??? Será que fui CONSUMEIRZADA para aquele grupo?
Comentários
Postar um comentário