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CONSELHO DE CLASSE

Para mim, esse é o momento mais torturante da escola pública carioca!!! São tantos elementos de tortura que talvez essa crônica não retrate todos. Inicio essa reflexão fazendo uma intertextualidade com o texto do professor Declev postada em 20 de junho de 2011: "Aí você fala, fala, fala… Ensina, ensina, ensina… Se desgasta, briga, luta, corrige… Você quer que as pessoas percebam o que [você acha] que seja melhor pra eles (e para coletividade), então conversa, dialoga, discute. Ouve (as ideias podem ser diferentes das suas) e debate. Troca ideias. Reflete sobre elas e pode até mesmo mudar um pouco, admitindo outras. Então, com essas outras, você fala, ensina, briga, discute, troca… Você lê, aprende, quer ajudar outros a fazer o mesmo… Quer melhorar o ambiente da escola, desenvolvendo ideias, projetos, bons relacionamentos… Mas a percepção que temos, às vezes, é que nossa ação é inócua.' O conselho de classe tem sido um ambiente de terapia de grupo. Os c
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Ainda sinto o cheiro de estrume

Toda segunda e terça saio da Escola Municipal e vou direto para a Escola Estadual. Elas são relativamente próximas, mas meu sedentarismo aliado ao sol do meio dia me impedem de fazer esse percurso a pé. Não há ônibus que faça o trajeto que preciso. Apenas uma van. Para pegá-la, fico sob uma árvore esperando. Essa semana, uma senhora passou por mim enquanto eu esperava e comentou: "Essa árvore cheira estrume, não acha?" Então, pela primeira vez, eu me atentei ao odor que estava ao meu redor. Sento ali, duas vezes por semana por aproximadamente vinte minutos e nunca tinha me atentado àquele cheiro estranho que me rodeava. Me diga: como pode um ser humano dotado de habilidades sensoriais variadas e de um olfato apurado não se indignar com o ruim? Aquilo não lhe causar estranhamento, insatisfação, reação e repulsa? Penso, então, no que vivemos, professores e alunos, em algumas escolas da Rede Municipal. Escola sucateada: sem porta, com salas de aula sem luz, sem vidro em vá

DECISÕES ENGAJADAS X DECISÕES POLÍTICAS

Dirigir uma escola é uma tarefa árdua! Difícil mesmo! Dirigir uma escola da Rede Municipal de Educação na cidade do Rio de Janeiro é ainda mais complicado. Como diríamos hoje em dia, é uma tarefa para OS FORTES! Na Unidade Escolar em que trabalho, por exemplo, desde 2012 as diretoras atuaram com muita luta e resiliência. Trabalharam incansavelmente para gerar mudanças estruturais e organizacionais.  Muita coisa melhorou nesses aspectos incontestavelmente: banheiros novos, instalações com ar condicionado, pintura, merenda... Consequentemente passamos a ter alunos um pouco mais tranquilos e disciplinados porque percebem quando estão sendo CUIDADOS. Não eram mudanças pedagógicas, mas, mesmo assim, mudam o comportamento quando notam que nos interessamos realmente por eles. A direção realmente estava ENGAJADAS COM A EDUCAÇÃO e esse engajamento gera frutos positivos para toda escola inevitavelmente. São coisas que não precisam ser ditas e, como um vírus, sentimos no ar a SEGURANÇA que ge
Há um silencio meu desde o ano passado. É claro que isso não é algo proposital e já havia me dado conta da necessidade de produzir novos textos para o blog. Afinal, as reflexões não deixaram de acontecer. Não deixei de pensar ou de me surpreender com os fatos. Entretanto, conclui que o CALAR-SE é um 'modos operantis' de todos os que se encontram oprimidos. Sem forças para reagir. ".. . paz sem voz não é paz é medo. "(O RAPPA) A última greve ano passado em em busca de melhoras não só para os professores, como também para a educação em nossas escolas nos levou às ruas. Foram 3 meses de luta, de entraves, de medo.... foi tudo muito desgastante para toda classe. Até para quem não fez greve. Ao término de tudo, percebemos o quanto fomos usados, principalmente pelo nosso sindicato, como instrumentos para uma guerra que nem ao menos erra nossa! Uma guerra político partidária e que em nada corroborava com nossas reais causas e anseios. Sabemos , porém que todos es

Se arrependimento matasse....

Já me arrependi de ter denunciado o menino na delegacia. Voltei a trás e cancelei o RO. Os motivos são diversos: Assim que puder vou publicar o RO (registro de ocorrência) Cheio de erros de Língua Portuguesa!!! Não falo de erros de concordância e Regência não!!! Esses são muuuuitos sofisticados! Falo de erros ortográficos BÁSICOS! O escrivão não sabia escrever, minha gente! Escreveu o nome da escola errado mesmo tendo um papel com o nome escrito certo na frente dele! Isso irá me obrigar a voltar a delegacia, a fim de acertar esses detalhes; Além disso, ele colocou o meu endereço pessoal no RO. O aluno, ao receber a queixa crime, irá saber onde eu moro!!! Fui muito ingênua! Não percebi que ao dar meu endereço ele o colocaria do RO. Achei apenas que era para um registro formal no sistema da polícia. Não posso manter isso assim; Como se não bastasse os problemas com a Instituição Policial, não tive apoio algum da escola. Apoio algum! Tenho visto caras emburradas pra mim! Professor qu

A segunda violência a gente até pode esquecer. Mas aí faz um RO pra ajudar a lembrar

Hoje uma amiga, colega da prefeitura me perguntou: VOCÊ TRATA BEM SEUS ALUNOS? (Entendi o que ela estava querendo dizer. Afinal, já é a segunda situação de violência que passo só esse ano. É engraçado ouvir isso de uma colega que passa pelas mesmas coisas que eu toooodos os dias e sabe o nível dos alunos. Ela, talvez sem perceber, reproduziu o pensamento hegemônico de que o educador tem a CULPA ou a RESPONSABILIDADE do que acontece com a educação no país) Respondi: trato bem sim. Se não o fosse, não teria ganhado festa de aniversário de uma turma (e é importante lembrar que meu aniversário é em Março, ou seja, em pouco tempo de convivência, eles foram gentis comigo). Se não os tratasse bem, não teria sido disputada como professora representante de turma por diversas turmas da escola, não teria tanto carinho e respeito da minha turma de projeto do ano passado como tenho....enfim. Entretanto, não aceito DESRESPEITO. Ah, não!! O sujeito vai ter que aprender a me respeitar na marra.

UM NOVO PROJETO

Assumi um novo desafio na rede municipal do Rio de Janeiro. Voltei para os projetos. Projetos esses que não acredito e muito menos defendo sua ideologia. Entretanto, é um dinheiro necessário para o meu projeto de vida nesse momento. Assumi e, como sempre, busco fazer o melhor trabalho POSSÍVEL. O melhor possível hoje, pra mim, não pode afetar meu tempo de lazer e precisa afetar o mínimo possível minha estrutura emocional. Sendo assim, estou tentando mais esse desafio. Ontem meu contato com o grupo, uma turma de 21 alunos, dos quais só conheci quinze até agora, foi o mais difícil. A turma testou o tempo inteiro a minha paciência e a minha autoridade. Eu não reagi. Até me estranhei. Mas fiquei realmente impactada com o que percebi logo no início da aula e gostaria de compartilhar isso com vocês: Abri o 'google maps' e pedi para que eles me mostrassem o lugar onde moravam. Então fomos tentando encontrar as comunidades. Comparando com o mapa oficial da cidade, pedi para que o