O objetivo do projeto REALFA é a
REALFAbetização de alunos que, ao longo dos anos, muuuuitos anos na rede, não
conseguiram aprender a ler e a escrever. Em outras palavras, são alunos vítimas
do processo de aprovação automática existente na antiga gestão municipal. Esses
alunos foram sendo aprovados para as séries seguintes até que, ao começarem o
2º ciclo do Ensino Fundamental, algum professor conseguiu perceber esse
indivíduo em meio aos 50 que gritavam ao mesmo tempo em seu ouvido e viu que
ele não sabia ainda ler e escrever. Entretanto nem esse professor, nem a
direção, nem seus pais, nem NINGUÉM resolveu o problema imediatamente. Só no
ano seguinte, com esse aluno obviamente reprovado inseriram-no no projeto.
Então ele veio parar em minhas mãos e eu terei que fazer o que nenhum professor,
ao longo de 7 anos de estudo dessa criança, fez: ensiná-lo a ler e a escrever.
Nenhuns dos alunos inseridos no
projeto são totalmente analfabetos. O projeto é para professores chamados de
P1, ou seja, professores graduados que atendem ao 2ª ciclo do Ensino
Fundamental. Muitos de nós, inclusive eu, não temos a formação inicial de
professores: o antigo curso normal. Logo, não somos e nem temos habilidades de
alfabetizadores. Houve um bom senso nesse sentido por parte da SME ( Secretaria
Municipal de Educação). Os alunos são
parcialmente alfabetizados. Sabem ao menos silabar as palavras. O que já, entre
aspas, ‘facilita’ um pouco as coisas.
Entretanto, 60% dos alunos
inseridos, pelo ao menos em minha sala de aula e digo isso sem receio algum de
me equivocar nos números, não apresentam PROBLEMA ALGUM de alfabetização. São
inteligentes, leem bem, escrevem com a devida fluência para um aluno de 6º ano
e sabem interpretar, com a maturidade compatível a idade, o lido. Foram JOGADOS
no projeto por problemas disciplinares. Certamente eram os mais LEVADOS em suas
escolas de origem. Digo escolas de origem porque muitos não estudavam, no ano
anterior, na escola em que estão agora. São oriundos de outras Unidades
Escolares e são, dessa forma, LANCADOS, TOOOODOS no mesmo ‘covil’, a fim de serem RESGATADOS
do caos de suas mentes.
Sendo assim, o projeto já foge o
seu objetivo inicial de tratar de alunos com baixos rendimentos escolares por deficiências
na alfabetização. Digo, SEM MEDO DE ERRAR, que alunos com REAIS problemas desse
nível em uma turma com 22 alunos são 5. Isso mesmo, caro ouvinte! Cuidarei de
22 que algum colega, talvez com pouca voz ativa em sala de aula, com um olhar
já cansado e desatento, entendeu ser um aluno semianalfabeto. Mas o que terei
de enfrentar, na maioria, são crianças com baixa autoestima, estigmatizados
como os mais indisciplinados e desatentos e, por conseguinte OS PIORES para muitos. Essa é
a versão OFICIOSA da história.
A versão OFICIAL e que contarei
aqui é que são meninos LINDOS, com um vocabulário cheio de ‘tiradas’
fantásticas, imaturos DEMAIS e alguns com pouquíssima estrutura familiar. Muitos não têm
limite em casa, na rua e EU, somente EU, terei que dar a eles esse limite na
escola. Isso é possível
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